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Jardim da Felicidade

[ 21/10/2006 ]

O Poeta deu os primeiros passos no caminho do Presente e o primeiro local que encontrou foi o Jardim da Felicidade. É constituído por flores, flores muito bonitas; flores  boas, honestas, humildes e com um coração de ouro.

Conheceu muitas, muitas flores. De entre elas destacou-se uma, elegante, azul, com um perfume de encantamento e com um brilho de amor intenso e fulgurante.

- Como te chamas? - Perguntou o Poeta

- Sou a Estrelinha!

- Então vou chamar-te.....Estrelinha de luz! Pode ser?

- Sim! E tu, quem és?

- Sou o Poeta!

- Só Poeta?

- Só! Poeta do amor!

- Eu não acredito no amor! Nunca amei! Só acredito na amizade! - Disse a Estrelinha de luz!

- Um dia amarás! Um dia amarás loucamente!

E afastaram-se! O Poeta continuou a falar com todas as flores do Jardim da Felicidade. Estavam murchas e desanimadas.

O Poeta exalava um perfume encantador. Era o perfume da sinceridade e da humildade. E com o calor do Poeta, vestiram-se novamente de cores brilhantes. Por onde passava, deixava um rasto de encantamento nas flores.

E então as flores começaram aos poucos a exalar um perfume incipiente. Todas elas tinham os ingredientes necessários para criar o perfume admirável, cativante e fundamental: sinceridade, bondade, compreensão, honestidade e humildade. É o perfume da amizade!

E todas elas se vestiram de cores brilhantes!

Ao redor  do Jardim da Felicidade, o Poeta avistou apenas grãos e grãos de areia. Era só deserto. O deserto da vida. O deserto da Sociedade. O deserto das pessoas sem alma. O deserto das pessoas adormecidas.

Tantos e tantos grãos de areia.

Que desperdício!  Tantas vidas sem significado! Tantas vidas sem objectivo!

Cansado e fustigado por tantos grãos de areia, retrocedeu, sentou-se e adormeceu facilmente no Jardim da Felicidade.

Estava frio, como em todos os dias de solidão, mas não sentiu frio; estava escuro, como em todos os dias a sós, mas sempre sentiu uma luz de presença. E porquê? Porque ao seu lado estiveram sempre as flores do Jardim da Felicidade; todas elas com um coração de ouro brilhante e quente. Todas as flores, sem excepção, iluminaram e aqueceram: era o calor da amizade.

- Vocês são as minhas miguinhas a partir de hoje! Vão ser sempre as minhas miguinhas de ouro. Percebi que para sobreviver na longa noite do deserto, tempestuosamente frio, necessito do vosso calor e da vossa luz orientadora.

- Nós apenas damos amor e calor humano, mesmo quando os grãos de areia vêm contra nós e nos magoam. As vezes, chegam mesmo a despedaçar-nos! Mas nós continuamos a iluminar os corações dos caminhantes!

- E há muitos caminhantes?

- Há muitos mais grãos de areia do que caminhantes!

Num cantinho do Jardim, encontrava-se uma estrelinha. Era a estrelinha de luz! Estava com uma luz trémula e apagada .

- E tu, estrelinha de luz, que fazes? - Perguntou o Poeta.

- Eu tento encontrar o melhor nos outros.

- E o que significa a tua luz?

- Significa o amor escondido!

- Tu encantas-me, estrelinha de luz, sabias?

- E o que significa isso, Poeta?

- Significa que aqueces o coração!

- E se eu te pedisse para me iluminares a minha caminhada, estrelinha de luz? Queres caminhar comigo?

- Não sei, Poeta! Isso significaria que tinha que deixar o jardim da Felicidade, não é?

- É! Mas continuarias a dar luz a todos os caminhantes! E poderias descobrir o teu verdadeiro EU!

- E o que é o verdadeiro Eu, Poeta?

- É um lugar algures, no cume da Felicidade, onde o espírito se separa do físico. Um lugar onde aprendemos a voar, mesmo sem asas; um lugar onde o amor sai da caixinha do amor e preenche o mar e o céu!

- Eu vou acompanhar-te, Poeta! E sabes porquê?

- Não sei, estrelinha de luz!

- Porque és um pestinha, sabias?

- Má!

Descansaram então. Amanhã iriam iniciar a caminhada...... 

 

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