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O Peixinho Agostinho

Hoje o mar está furioso. Os peixinhos afastam-se da costa, porque, nestes dias, poderiam  embater nas rochas e ficar feridos… E o hospital dos peixinhos está fechado. A família Afonso está muito preocupada .

- Reguila como o Agostinho é, hoje, com esta dia, deve acontecer-lhe alguma coisa! – disse a mamã.

- Não te preocupes ! – afirmou o papá Afonso – Ele já é crescido e já sabe o que faz! Eu confio nele!...

- Sim! Sim! Ele já é crescido, mas ainda não conhece os perigos que nós enfrentamos! – salientou a mamã Belmira .

Entretanto, apareceu, eufórico e radiante de emoção, o peixinho Agostinho:

- Mamã! Papá! – Vejam o que encontrei!!! Vejam!!

O peixinho Agostinho era o único filho do casal Afonso . Os pais casaram já velhos e quando ele nasceu foi uma grande alegria no mar das conchinhas…

- Vejam, vejam !! Uma minhoca ! Ah, Ah..E dizem vocês que eu ainda não sou adulto! Estão a ver? – disse o peixinho Agostinho…

-Ah, meu Deus! Como conseguiste arranjar essa minhoca! Onde a foste encontrar ? – perguntou a mamã…muito aflita.

- Ah, não se preocupe ! Ah, ah! Realmente os velhotes preocupam-se por tudo e por nada. esta minhoca estava num anzol. Eu andava a passear, vi-a e tirei-a do anzol. Vêem? Muito fácil!!1- afirmava o peixinho Agostinho .

E dizendo isto…afastou-se todo contente com a sua façanha. Desde que nascera que se aventurava demasiado . Um verdadeiro rebelde. Saía quase sempre sozinho, mesmo quando ía ás proximidades da costa. E, uma vez, ficou mesmo ferido por um anzol. Só que a mãe não andava muito longe e chamou rapidamente o limpa-anzóis. O limpa-anzois é uma peixinho especial do fundo do mar e que tira os peixinhos do anzol…É a emergência mar dos peixinhos….

Sempre que os pais o viam partir, eles diziam :

- Este menino, um dia, é apanhado!!!

Nesse dia, almoçaram bem. O papá Afonso tinha conseguido arranjar uma lata de comida. Aquilo era um tesouro para eles! O peixinho Agostinho comeu pouco, porque a minhoca que encontrara lhe enchera quase o estômago. Mal acabou de almoçar, despediu-se dos pais, dizendo que ia brincar com a sua amiga gaivota.  Ela chamava-se Helena. Tinham sido criado juntos e, por isso, quando encontravam momentos livres, passavam o restante tempo a brincar.

Mas, naquele dia, a sua amiga gaivota não apareceu ao encontro.. Chamou-a, chamou-a repetidas vezes, mas não ouviu qualquer resposta.

- Que lhe teria acontecido? – Ela nunca faltou aos nossos encontros de brincadeira.

Olhava incansavelmente para a costa. Estavam lá muitas gaivotas. Tinha chegado um barco cheio carregado de peixes do alto mar.

- Talvez esteja lá!

 Dirigiu-se então para a costa, A pouco e pouco, aproximou-se da costa. Lembrou-se que não se deveria aproximar muito da costa, em dias de ventos e marés, mas impelia-o o desejo de ver a sua amiga gaivota.

Entretanto, viu alguma coisa que lhe despertou o interesse. Era uma minhoca pendurada num anzol.

- Olá míuda! Então estavas aí e não dizias nada? Sua mauzona! Por acaso não queres vir dar um passeio até ao meu estômago?? – perguntava o peixinho Agostinho.

E, de uma só vez, meteu a minhoca na boca. Porem…ficou preso!! Tentou libertar-se, mas não conseguiu…

--Ai, ai!! Salvem-me! Ajudem-me! Mamã, Papá! Ajudem-me! Não me consigo desprender! Mamã! – gritava o peixinho Agostinho.

Os seus gritos ouviam-se em todo o mar das conchinhas. Quando a mamã Belmira ouviu os gritos, foi a nadar vigorosamente procura-lo. Mas….quando chegou ao local, já não o encontrou.

Como era muito novo e aventureiro, sem noção dos perigos…foi fácil pesca-lo. Ao ver o seu tamanho, o pescador Joaquim disse logo:

- Oh, tão pequenino! O que lhe fazemos?

- Deitamo-lo novamente ao mar! – disse o outro pescador.

- Não! Eu levo-o para a minha filha! Ela gosta muito de peixinhos . E comprei agora um aquário novo muito grande. Fica lá muito bem! – afirmou o pescador Joaquim!

Entretanto, no mar das conchinhas, os pais do peixinho Agostinho choravam desconsoladamente …e tentavam encontrar uma maneira de salvar o seu filho….

- Talvez se falarmos com a prima Baleia…- sugeria a mamã.

- Não! Ela nunca se aproximaria tanto da costa. E depois, os pescadores notariam logo a sua presença! – afirmou o papá Afonso.

- E se falarmos com o nosso amigo caranguejolas? – perguntou a mamã Belmira.

- Não! Ele não se atreveria a isso! Ele não gosta de ajudar os outros. E , al~em disso, o que poderia ele fazer? – retrucou o papá.

Fez-se um curto silêncio no mar das conchinhas.

- Espera! Agora me lembro! E se falarmos com a amiga dele? Sim, a gaivota Helena, o que dizes? – perguntou o papá Afonso.

- Sim, acho que ela nos pode ajudar! – disse a mamã

 Foram procurá-la! Nadaram, nadaram….até que…..

- Olha, lá está ela! Está a voar ao redor do barco dos pescadores! – disse a mamã!

- Oh, gaivota Helena ! Gaivota Helena! – gritaram

- Filha, os pais daquele peixinho chato, teu amigo, estão a chamar-te---comentou a mamã gaivota Alexandra.

- Quem ??? O peixinho Agostinho? – perguntou, precipitada a filha Helena….

- Sim, olha! Ali, não vês???

A gaivota Helena foi então para junto deles…..

Os pais do peixinho Agostinho contaram então tudo  à gaivota Helena. Quando terminaram de relatar o acontecido….ela estava muito triste ….

- Coitado do peixinho Agostinho…..E agora me lembro, eu hoje faltei ao encontro das brincadeiras com ele…..E agora ele foi pescado. Sabem quem foi o pescador que o pescou?

- É aquele ali! O do chapéu verde! – respondeu o papá Afonso.

- Ah, sim, estou a ver!!....

Tchau….e começou então a voar bem alto, para perceber o que se passava…

Os pescadores iam-se embora…dirigiram-se para o automóvel, arrumaram as coisas da pescaria….e partiram…

A gaivota Helena sobrevoava o local…..e conseguiu vislumbrar então o peixinho Agostinho….

- Olá , Helena, estou aqui! Ajuda-me!...- gritava o peixinho Agostinho.

A gaivota Helena piscou-lhe o olho….

Mas….o automóvel andava muito depressa ….demasiado para o voo da gaivota…

Pensou então no seu amigo Zé Pombo….Ele voava mais depressa do que ela….

- Zé pombo! Zé pombo! – gritou em som bem alto….

Rapidamente, o acelerado Zè Pombo apareceu junto dela….

- Olá amiguinha…..precisas de mim, é?

- Sim, sim….amiguinho! O peixinho Agostinho foi pescado. E agora está a ser transportado por aqueles pescadores maus…Estás a ver …ali naquele automóvel?....Mas o automóvel é muito veloz para mim…preciso que os persigas?

- É já! É já! É fácil….bruummmmmmmmm

O Zé Pombo rapidamente acelerou….na perseguição….

- E não te esqueças que eu vou atrás, Zé Pombo, dá-me orientações…..- gritou a gaivota Helena.

O Zé Pombo olhou apara trás….e sorriu, acenando afirmativamente com a cabeça…

Voaram, voaram…..A gaivota Helena até se esqueceu…que estava cansada….

Por fim, o automóvel parou á porta de uma casa azul….

O Zé Pombo colocou-se então no ramo mais alto da arvore da vizinhança…

- Uf, estou cansada……estou sem forças…..ja cheguei….-disse a gaivota Helena.

- Olá miúda, retorquiu o Zé Pombo, com ar convencido…- Os pescadores estão a entrar em casa…estás a ver?  Vamos espreitar á janela, para vermos o peixinho Agostinho?  

- Vamos!

Os pescadores entraram em casa…..

- Maria João, vê o que eu trouxe para ti, filhinha? – comentou um dos pescadores.

- Oh, tão bonito! Tão pequenino e colorido! – disse a filha.

Aconchegou-o entre as mãos…e levou-o para o aquário….

O aquário estava cheio de peixinhos…..

- Olá peixinho pequenino!  Como te chamas? – perguntou o peixe Tico.

- Ai, ai…estou tão dorido….olá, chamo-me Agostinho… Sou um peixe do mar! Ai , que água tão esquisita! Isto não é água do mar! Ai, ai…assim constipo-me! – disse o peixinho Agostinho.

- Ah, está bem, então és um peixe do mar…..- observaram os outros…

- Vocês não são? – perguntou ele

- Não, nós somos peixes de aquário! Sempre vivemos assim! – disse o peixe Tico…O que é o mar?

- Oh, e o que fazem aqui o dia todo então? O mar é liberdade, é alegria, é emoção….é a nossa terra!

- Oh…deve ser bonito….nós ficamos aqui o tempo todo….E por vezes aparecem pessoas esquisitas que têm prazer em olhar para nós….Só fazemos isto!!- afirmou o peixe Tico.

- Realmente, isto aqui é muito monótono! Não tem emoção! Não tem vida! Não tem liberdade! Eu gosto é do mar, do meu mar! – disse o peixinho Agostinho .

- Onde fica o teu mar? – perguntaram os outros peixinhos…

- Fica algures perto do meu desejo e longe da minha da minha saudade ? – respondeu peixinho Agostinho…

- Deve ser tão lindo o teu mar…..comentaram os outros peixinhos…Mas esquece o teu mar, porque já não voltas para lá…agora estás aqui no aquário…

Entretanto, na janela…o Zé pombo e a gaivota Helena comentavam….

- O que fazemos agora? A janela está fechada…Tempos que esperar que abram a janela!....- dizia o Zé pombo.

Que pena! Assim não vamos conseguir tão depressa….A não ser, espera….tive uma ideia!....A lareira está acesa….e se tapássemos a chaminé com paus e panos…?.- disse a gaivota Helena…

- Boa ideia! Vamos tapar a chaminé! – concordou o Ze pombo.

Voaram…e transportaram paus e panos…..até que a chaminé estava tapada…

Foram colocar-se novamente á janela á espera que …..

Passou algum tempo…..até que o fumo deixou de sair pela chaminé….

Começaram a ouvir-se gritos…e passado pouco tempo…alguém aparecia a abrir a janela…..para deixar sair o fumo….

Aproveitando a confusão…..a gaivota Helena e o Zé pombo….entraram dentro de casa…e….forma direito ao aquário….

- Peixinho Agostinho….vem depressa, vamos levar-te daqui…depressa!!! Salta para o meu bico….disse a gaivota Helena…

- Amiguinha…que bom! Ajuda-me….e dito isto….saltou subitamente para o bico da gaivota Helena…

- Mas…..espera!!! Peixinhos….venham…saltem! Vamos para o mar! Venham conhecer o mar!

E dito isto….todos os peixinhos saltaram para o bico da gaivota Helena……e……saíram todos dali aproveitando a confusão……enquanto o pescador olhava incrédulo para a chaminé tapada…..

Voaram, voaram….e….por fim…..o mar das conchinhas…..

Saltaram todos para a água…..mas antes agradeceram….á gaivota Helena e ao Zé pombo….

O casal Afonso ficou radiante de alegria……e os peixinhos do aquário…..nadaram, nadaram…..louquinhos de alegria…por serem livres……

Ah…é verdade….o peixinho Agostinho….prometeu fazer tudo o que os pais lhe diziam no futuro….

 

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